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Set 2021

Como aplicar o método clássico no ensino da língua - parte 4

O Poder da Linguagem | 10 min.

17/09/2021

Continuando nossa série (início) sobre os 4 passos para ensinar a linguagem pelo método clássico, vamos falar agora sobre a primeira parte da aula propriamente dita: a Apresentação.

 

Despertando o interesse, capturando a atenção

Como veremos no próximo artigo, o centro, o coração, dessa aula é a leitura e os comentários à obra; obra escolhida e preparada conforme vimos nos passos anteriores.

No entanto, é necessário, antes de qualquer coisa, predispor o aluno para esse momento, emocional e intelectualmente. Dito de forma mais clara, é preciso despertar o interesse do estudante, seja pela história que será narrada, seja pelos conhecimentos e habilidades que ela vai adquirir no decorrer da atividade. 

Esse é o objetivo do terceiro passo.

 

Crianças e o foco na história

Em se tratando de crianças, ali na faixa dos 7 aos 12 anos, vale proceder essa apresentação por abordagens mais lúdicas do que técnicas.

Para ficarmos no exemplo do texto anterior, imagine que escolhemos ler e analisar Os Contos da Cantuária, de Chaucer.

Ora, nessa apresentação poderíamos falar, primeiro, do autor, que tem ele próprio uma história interessante de serviços prestados à corte inglesa. Depois, aproveitando uma curiosidade natural, poderíamos falar algo sobre a Idade Média, contexto em que a história se passa e no qual ela foi escrita. Ainda seria possível explicar o título do livro, o que nos daria ensejo para falar sobre a cidade da Cantuária, na Inglaterra, sobre São Tomás Beckett e sobre peregrinações em geral.

Também haveria interesse em tratar da importância do autor para a literatura inglesa e fazer elogios à sua obra, dando à criança a justa impressão de que tem algo valioso diante dos olhos.

Todavia, mais importante que isso tudo é chamar a atenção da criança para a história mesma. Supondo que, dentre os contos que compõem o livro, vamos ler o do Cavaleiro, o que abre a série, valeria fazer um resumo entusiasmado da narrativa, dando destaque aos aspectos mais atraentes da história segundo os interesses mais pronunciados da criança.

No conto em questão, por exemplo, é possível enfatizar aspectos: de ciências naturais, pois ele fala de astronomia, de geografia, de mudanças atmosféricas, de botânica etc.; de história, pois o narrador do conto é um guerreiro cruzado que correu o mundo a bater-se contra os islâmicos, na Europa do século XIV; de mitologia, pois a trama se passa na Atenas de Teseu, herói famoso por ter derrotado o monstro Minotauro; de amores, pois o enredo se concentra numa disputa tipicamente medieval entre dois leais amigos por uma jovem donzela. As possibilidades são vastas.

 

O valor dos conhecimentos para adolescentes e jovens

Toda essa abordagem é mais ou menos a mesma para crianças, adolescentes e jovens.

Em outras palavras, qualquer que seja a idade, o meio mais eficaz de atrair a atenção para a leitura é contando o seu enredo, no todo ou na parte.

Entretanto, pode ser que os mais velhos precisem de argumentos de outra ordem para se convencerem do valor daquela leitura — e de todo o estudo que se fará por meio dela.

É o caso, então, de enfocar o que de mais concreto ele vai ganhar, em termos de novos conhecimentos e habilidades, lendo e analisando o texto escolhido.

Essa abordagem pode ser feita, por exemplo, mostrando um trecho que, para ser corretamente interpretado, demanda certas noções que o aluno ainda não possui, de maneira que ele se sinta desafiado a desenvolvê-las.

De outro modo, poderíamos anunciar os temas a serem trabalhados na aula em questão — um assunto de sintaxe, uma figura de estilo, uma nuance no uso da voz — e demonstrar a importância desse conteúdo para os estudos de maneira geral.

Além disso, com alunos na faixa dos treze aos dezessete anos, o pai ou o professor pode apelar, como honesto recurso retórico, às vantagens intelectuais e sociais que se obtém com o domínio da linguagem.

A adolescência é a fase em que a pessoa, até pelas mudanças físicas da puberdade — que lhe dão a correta impressão de não serem mais crianças —, toma consciência de que pode agir autonomamente sobre esse mundo.

Aproveitando-se desse novo impulso, podemos apresentar a linguagem como um instrumento poderoso que vai ampliar, decisivamente, na vida do jovem, suas possibilidades de ação, seja em casa, na escola, no futuro trabalho, e assim por diante.

     


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