22/01/2021

LINGUAGEM E REALIDADE I - O QUE É A LINGUAGEM

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Vamos começar uma sequência de textos explicando os conceitos mais fundamentais sobre a linguagem.

A primeira pergunta, portanto, é: o que é a linguagem?

Para responder, precisamos entender primeiro que a linguagem é uma espécie, um tipo de comunicação.

Comunicar, do latim communicare, significa tornar algo comum.

Os animais, por exemplo, se comunicam quando emitem sinais indicativos de algo presente, como um alimento, um perigo ou a chuva.

O homem também se comunica, no entanto pelo seu modo próprio, que é a linguagem.

Podemos definir a linguagem como a capacidade de tornar comuns: significados, ideias ou conceitos; o que se faz por meio de sinais que expressam um discurso com sentido.

Os sinais — gráficos, sonoros ou de outros tipos —, permitem a um homem, que ouviu ou leu um discurso, representar na sua mente a intenção ou conteúdo mental que estava na mente de outro homem.

Esses sinais funcionam, portanto, como meio ou instrumento para tornar comum na mente de ambos essa intenção.

Qual seria então a diferença entre o nosso modo de comunicação, a linguagem, e o modo animal?

A diferença mais fundamental é o fato de possuirmos uma faculdade chamada inteligência, faculdade esta que nos permite captar a realidade e os seres que a compõem como essências, como unidades que podem ser conceituadas.

Os animais, por outro lado, captam todos os seres apenas como agências, forças que atuam sobre o seu ser, e não como entes ou seres com unidade e existência próprias.

O fato de podermos captar os seres com a inteligência amplia e eleva a nossa capacidade de expressar e indicar intenções e sentidos para os nossos semelhantes. Isto é, a nossa linguagem comunica o que percebemos com a inteligência.

Além disso, nossa inteligência pode captar a própria essência de “sinal”, separar a ideia de sinal das situações em que ocorre a sinalização ou representação e, portanto, separar o sinal daquilo que é sinalizado. Sabemos, por exemplo, que tanto a palavra cão quanto a palavra gato, consideradas enquanto palavras, pertencem ao mesmo gênero, são sinais.

Mesmo que não pensemos nisso, nós já sabemos essas coisas e, por isso, podemos utilizar os sinais de maneira muito mais elaborada e superior, formando os conceitos, palavras e noções.

A partir dessas capacidades, podemos não apenas indicar elementos do ambiente ou da memória, como fazem os animais, mas também nos referir a seres que não estejam presentes ou próximos, ou mesmo a seres criados ou imaginados por nós; podemos ainda conceber e comunicar um objetivo mais amplo para as nossas ações, objetivos que não estejam diretamente vinculados às necessidades mais imediatas; podemos fazer promessas e nos comprometer uns com os outros, podemos nos perguntar o porquê das coisas e a cadeia de causas e consequência para um determinado fato etc.

Todas essas capacidades advêm do uso da linguagem, capacidade típica de um ser dotado de inteligência.